JANELA
Por trás de asas translúcidas
voam automóveis, sacodem fábricas
Tuas asas são lentes
pelas quais vejo diferente
a paisagem
O contraste da calma
teu não-querer inconteste
Tudo ganha um ocre profundo
que me exige palavras
sobre tela
Borboleta pequenina e feia
modificada
Abraças o campo riscado de metais
e sabes que tua ligação natural
é mais tênue
Estendo os braços e vôo
tela de vidro em que me aplico
com patinhas de grude
e coração de inseto
Acompanho esse ver sem mira
sem meta
ver-estar-permanecer
amor em tudo
Irradia teu pensamento, borboleta
ao que existe
Os que passam velozes romperão no espaço
do desprendimento
Samira Feldman Marzochi


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