Hebraico e Estruturalismo
(...) Uma espécie de atemporalidade de esplendor terrível, eterno, cuja essência se encontra acima da vida, além da vida, diametralmente oposta a ela, desce e se estende sobre o universo (...). A antiga língua hebraica expressa isto em sua estrutura profunda: ela não possui o tempo presente. Em vez disso, existe apenas o particípio. 'E Abraão sentado na entrada da tenda'. Quer dizer, não 'certa vez Abraão sentou-se', nem 'Abraão costumava sentar' ou 'por ocasião da escrita destas palavras Abraão está sentado', não no tempo em que elas são lidas, mas como na marcação da representação de uma peça: 'Toda vez que o pano sobe, vemos Abraão sentado na entrada da sua tenda'. Para toda a eternidade. Ele sentou e está sentado e ficará sentado para sempre na entrada daquela cabana.
Amós Oz como Professor A.A.Guideon (A Caixa-Preta, São Paulo: Companhia de Bolso, 2007, p.135).
Amós Oz como Professor A.A.Guideon (A Caixa-Preta, São Paulo: Companhia de Bolso, 2007, p.135).


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