sexta-feira, março 03, 2006

CORDEL DO OCO DO SOM

Voz, o primeiro instrumento
o que escuto por dentro
ou de fora também
É de quem?
É de alguém que não sei muito bem
como é, como está
pra onde vai, de onde vem

Só se sabe que é força de vida
de ato, de ação
de estancar a ferida
calcada na pele,
no peito, na lida
da gente tão simples
e do meu irmão

Ela sai e percorre avenida
estrada, caminho
fronteira e nação
Está no ar, está no ar, está no fio e na fibra
no ventre do ouvido da vida
no fundo, no fim e no vão

E se é seca só seca
o sentido do som, do sonido
do sim e do não
E se rasga só roça
o centeio da cela
sólida da situação

Se doce adoça
a saliva da sala
secreta do seu coração
Se amarga
amargou margarida
amor ou mar à vista
mar de perdição

Voz o primeiro instrumento
o que escuto por dentro
som introdução
É a pele, é o couro, é o arco, é o sopro
cordas percutidas
na imaginação


Poema de Uliana Dias, cantora e compositora, que recentemente foi finalista do Festival da Cultura com "Romance Pós-Moderno", música sobre o mini-conto de Samira F. Marzochi.

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Sintetiza estórias, sensações, sentimentos indefiníveis...adorei! quero ver cantado, Uli!

sábado, 04 março, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Uli!!!
Que linda sua poesia!
Uma ode a voz, muito boa mesmo!!
Vou passar o link pra uma amiga
(que gosta muito de cantar e é fonoaudiológa, especialista em...voz)
Parabéns a todos da Frincha!!!

segunda-feira, 06 março, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Poesia livre, sonora, brasileira, instrumental-acústica. Perfeita e genial.

segunda-feira, 06 março, 2006  
Anonymous Anônimo said...

E viva a sua poesia e a voz!
Parabéns, Uliana!!
A curiosidade agora aumentou...quero ouvir a melodia dessa obra..
beijos

quinta-feira, 16 março, 2006  
Anonymous Anônimo said...

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»

sexta-feira, 21 julho, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Muito bom ler, cantar e sentir essa voz!

Salve Uli!

Bjs
Coalhada

sábado, 10 fevereiro, 2007  

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