domingo, dezembro 23, 2007











Casa Velha



Quando criança,
ralava o joelho nas brincadeiras
e minha avó desinfetava.

Hoje, não tenho pele.
Sou pura mucosa e muco.
Todo o meu corpo está aberto.

Tranco portas e janelas,
vedo o assoalho do porão,
as grades do portão estão lacradas.

Dentro, vago como espectro
por ambientes construídos de memória,
enquanto deixo os ratos,
com pedaços meus,
espalharem-se pelas frestas.

Dor diáfana.
O amor da minha vida é uma flor indiferente.
Eu sou a casa velha de esquina.




Samira Feldman Marzochi

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Capa de
Saulo Marzochi