Reflexo
Dizem que bebo, é verdade.
Um sorriso esquecido,
Um sonho, uma voz.
Bebo a luz na parede,
O vento nas folhas
E algumas palavras do livro.
O encontro infinito,
A despedida do início,
O sono profundo e a manhã.
O inesperado, o intempestivo
E os silêncios orquestrados
Antes da chuva.
Bebo o rio e as montanhas,
A bruma, a ilha, o vulcão de gelo.
Bebo a jangada que flutua,
Azul, brisa e espuma.
Não bebo a ti,
mas
na tua ausência.
Edward Soesterberg,
Rio de Janeiro, 1982.
Tradução: Maria Clara Neiva


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