sexta-feira, junho 17, 2016


Análise



Queria fazer o que você faz:
abrir uma porta e realmente instituir
uma passagem;
fechá-la e separar universos.

Ter, numa parede, uma divisória real
capaz de decantar as palavras
das vozes.

O problema é que embaralho tudo:
uma porta que bate, de súbito,
projeta uma paisagem.

Os cortes no espaço, de fato, desnudam,
como secções na carne de um peixe,
mas não de um jeito que permita suturar.

Faço, dos lugares, cômodos sem piso
e sem limites
onde o que há e o que não existe
flutuam de igual modo involuntário.

Além de mim e de você
todo o resto é a decoração de um aquário.