terça-feira, fevereiro 25, 2020
Tapetes
Os tapetes povoados de jardins,
linhas d’água, nuvens
cacheadas,
mapas continentais onde fadas e narcisos se encontram
com pinturas
boschianas, monstros marinhos
e caravelas do índigo profundo,
levantei-os todos aos poucos,
com cuidado.
Mas, sob os tecidos de pontos densos,
não havia miragem ou coisa
alguma:
apenas as dunas da poeira depositada por séculos,
um infindável areal
estéril
contra o céu absolutamente limpo,
em que uma figura, nua e delgada,
bebia
do próprio sangue
e comia da própria carne.
Lua Arroyo,
25 de fevereiro de 2020


