Sentido Único
Metrô lotado e cada um é um só.
Quem imaginava que, ao inventar as gentes,
criaria tantas histórias sentidas?
Adivinhar ou planejar isso é muito mais
que criar a vida na Terra.
E olha que não acredito em entidade fundadora,
mas me espanto ao reconhecer:
gente é história sentida.
Tenho vontade de gritar:
"Bonjour, messieurs dames!"
Mas quem sou eu?
Não tenho a autenticidade dos loucos de rua.
Quem sou eu para dar bênçãos
às histórias sentidas de cada um neste vagão
e nos outros vagões lotados desta linha
que cruza as pedras da cidade?
A ideia me comoveu, tudo é ideia que comove
e nada seria se não fosse.
Desisto de enlouquecer e permaneço,
como cada um, em sentido único,
na vastidão do pequeno trecho
até a próxima estação.
Samira Feldman Marzochi
Ana Rosa - Tietê
Manhã, 28/05/2015


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