quarta-feira, maio 03, 2006

MARINHA

Luisa Deane


Quero contar-te hoje das plantas marinhas
Desse verde que dança abismos
Desse outro que reverdece a alma
Quero contar-te dessas profundezas
desses horizontes
Que meu pé não toca
Nem qualquer razão resvala
Porque meus olhos são só reflexo
De mares e abismos que seduzem
Tragam-me inteira o verde, azul e prata,
ao som das ondas mudas
exclusivamente solares
E desapareço nos braços lascivos das algas
Confundo-me de peixes, conchas e pedras
Nesse ritmo de plumas
sedas
serpentes.
Sou toda sal e perfil incerto
Perco-me entre cores e pequenas distâncias.
Suga-me esse verde sinuoso das plantas marinhas
Que às vezes dança abismos
Outras, reverdece a alma
Porque meus olhos são só reflexo
profundezas e horizontes que meu pé não toca
nem qualquer razão resvala.
Quero contar-te hoje das plantas marinhas.



(Espanha-Ibiza, 1978)

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

que coisa bonita demais! "Porque meus olhos são só reflexo
profundezas e horizontes que meu pé não toca
nem qualquer razão resvala." a frincha me surpreende a cada postagem nova. Fala mais dessa Luisa Deane, que coisas assustadoras e bonitas ela escreveu!

quinta-feira, 04 maio, 2006  

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